
Já eram 06:30 da manhã e a porcaria do despertador não parava de tocar, sentei na cama e minha cabeça latejava, capotei novamente na cama mas o barulho do despertador era ensurdecedor. Meu Deus será que eu ia ter que levantar pra desligar? Levantei cambaleando e desliguei-o. Meus olhos mal paravam abertos e eu ainda tinha que tomar banho, me arrumar e ir pra faculdade. Esfreguei meus olhos na tentativa de acordar, me encostei na escrivaninha e fiquei ali olhando pra cama. Você ali, enrolado no edredom, tão quieto, com aquela carinha de anjo, respirando leve, sua expressão de satisfação, ah eu não ia conseguir te acordar. Só dava vontade de deitar ali, te abraçar e ficar fazendo carinho no seu rosto, dando beijinhos no pescoço. E eu não ia passar vontade. Deitei e fiquei enrolando meus dedos no seu cabelo.
— Alice, você vai perder a hora desse jeito! — Resmungou com voz de sono.
— Não acredito que você tava acordado esse tempo todo e nem pra desligar o despertador, ficou aproveitando do meu carinho, pilantra. — Dei uma risada boba e um tapinha no braço dele.
— Ah mas vai dizer que não foi bom, sei que você não resiste a ficar um pouquinho mais na cama comigo. — Convencido, mil vezes convencido. E com toda a razão, eu não resistia mesmo.
— Cala a boca Pedro, você nem deu bom dia direito, acho que pelo menos isso eu mereço. — Ele se virou na cama, ficou ali na minha frente, foi chegando mais perto, me puxou pela cintura. Enrolei minhas pernas nas dele e ficamos ali, um observando o outro por alguns segundos até que nossas bocas ficaram tão perto que tocaram-se devagar, exatamente como eu queria. É ele sempre sabe exatamente o que eu quero.
— Bom dia, minha loira… tá bom assim? — Aquela risada irônica logo de manhã era um baita de um golpe baixo.
— Tá mais do que bom, bobinho… bom dia pra você também!
— Dormiu bem?
— Bom, dormir bem assim, dormir eu não dormi né, porque você ficou me empurrando a noite inteira, roubando a coberta, colocando o pé gelado em mim, roncando igual um porquinho, ficou me agarrando e tentando abusar da minha inocência. Tirando tudo isso dormi muito bem sim. — Era tão bom ver a careta que ele fazia quando eu dizia que ele roncava só pra provocar, porque ele não roncava nem um pouco.
— Idiota, eu não ronco, você que fica me empurrando, tal da espaçosa.
— Espaçosa que você não vive sem, vai, admite aí!
— Vou ter que te mandar calar boca?
— Eu se fosse você calava, mas acho que você nem consegue. — Levantei da cama, dei 3 passos em direção ao banheiro e fui puxada bruscamente pelo braço. Ele me pegou desprevenida, jogou na cama e ficou parado ali, em cima de mim.
— Tem certeza que eu não consigo?
— Eu posso usar meu super golpe, te derrubar no chão que você não vai conseguir. — Senti as mãos dele segurando meus pulsos bem firme, fodeu.
— Ainda tem certeza que não consigo?
— Me prova que você não consegue então. — Aquela risada maliciosa era tão tão… eu não sei explicar, só não era melhor que o beijo. Ele esquentava meu corpo inteiro. Dava aquele arrepio na nuca, ele sabia exatamente como me prender ali, da maneira mais covarde possível.
— E agora? O que eu ganho por ter conseguido te calar?
— Nada, você já ganhou meu beijo, isso já é suficiente.
— É assim?
— Assim como?
— Você me dá um beijo e depois me deixa aqui na vontade?
— Aham, é assim que você merece, Pedro.
— Nossa, depois você vem me dizer que não é malvada. Eu sou tão querido contigo, te dou carinho, beijinho, cafuné e quando eu peço um beijo ainda tenho que pegar. Mancada isso, Alice. — Aquele biquinho que ele fazia quando queria fazer birra pra eu ficar era tão irresistível.
— Se eu for até aí te dar mais um beijo eu não vou conseguir para e vou me atrasar mais do que já estou.
— E quem disse que eu ligo?
— Pedro, já são 07:15, minha aula começa as 8 horas.
— Vem?
— Pra onde? — Eu perguntei mesmo conhecendo a resposta e já sabendo que eu não ia resistir ao convite.
— Pro meu colo! — Fiz exatamente o que ele pediu, fui até lá e sentei no colo dele, de frente, colocando meus braços no seu pescoço. Enchendo a bochecha de beijinhos, depois o pescoço até finalmente chegar na boca, eu nem tava mais pensando em aula, em atraso, minha cabeça só girava em torno do nosso mundo. O mundo em que só existe eu, ele, nossa cama, nossa casa.
— Você é tudo… — Eu não queria que ele falasse, eu só queria ficar ali e aproveitar a oportunidade de ter ele só pra mim.
— Quero isso pra sempre.
— Isso o que?
— Você. Cama. Atrasos. Beijos.
— Não sei se eu ouvi direito mais isso foi um pedido pra eu ficar aqui?
— Alguma vez eu disse que queria que tu fosse embora?
— Assim eu fico mal acostumado.
— Fica?
— Pra sempre.
Só um pouquinho do que eu queria ter de verdade todos os dias aqui, comigo.
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