terça-feira, 25 de dezembro de 2012
“Nunca
compreendi muito bem o conceito de morte. Sei que todos nascemos e
morremos e que essa é a única certeza da vida. A questão é a forma com
que isso acontece. Pessoas morrem todos os dias, em todo o mundo,
questão de segundos. Em jornais, manchetes de assassinatos se espalham
diante de páginas diversas. Na rádio, se escuta a mais nova vítima. Na
televisão, estão gráficos do número de mortos do dia, do mês ou do ano.
Números e mais números. É assim que são lembradas algumas pessoas.
Quando uma pessoa morre por estar em uma idade avançada, ou por uma
doença. Por mais doloroso que seja, já estamos preparados para o pior. O
sentido de se envelhecer, é saber que de brinde vem dificuldades, e
possivelmente, a morte. O sentido de uma doença grave, é lutar para
sobreviver mais um dia que for, e não o de se curar. Mas e quando é
tirada a vida de alguém? Ninguém espera por isso. Uma pessoa está
voltando da escola ou trabalho, e um carro em alta velocidade, sem ter
tempo de frear, a atropela. E ela morre. Não foi apenas uma vida tirada,
foi anos de luta por essa vida. Foi deixado uma família ou amigos em
prantos. E o pior de não se esperar uma morte, é viver se perguntando:
“O que eu poderia ter feito para evitar?”. Semana passada um amigo meu
faleceu. E o curioso, foi o jeito com que isso aconteceu. Ele estava em
uma festa com seus amigos, em um final de semana como outro qualquer,
mas que não terminaria da mesma forma, infelizmente. Havia amigos com
ele, amigos que eu conhecia há anos, tal como também o conhecia a muito
tempo. Assim que a festa terminou, todos voltavam juntos, quando ele
parou e disse “Podem ir, eu vou voltar para conversar com aquela garota
que estava na festa”. Ninguém disse nada, afinal, o que tinha demais
nisso? O problema é que ele não voltou. Não se sabe ao certo o que de
fato aconteceu. Alguns dizem que ao voltar com a garota, ele foi parado
por um assaltante, mas por não ter nada de valor, levou um tiro a queima
roupa no rosto. Outros dizem que foi por ciúmes de algum ex namorado. A
verdade é que não importa, pois agora ele está morto. E não se
encontrou um culpado. Basicamente ele voltou para morrer. Ao pensar
nisso, imagino como me sentiria se estivesse naquele dia, naquele mesmo
momento. Sem dúvidas eu me perguntaria: “E se tivesse falado que era
bobeira e que ele deveria voltar com todos? Teria feito alguma
diferença?”. Antigamente, quando alguém dizia que era assim que deveria
ser, que uma pessoa morre porque foi chegada a hora dela, eu usava isso
como conforto. Porque é mais fácil acreditar em algo que possa te
confortar do que enfrentar em uma dor que te enlouqueça. Porém ao pensar
melhor hoje em dia, não enxergo dessa maneira. Um segundo pode não
significar nada, mas é capaz de mudar futuros e reconstruir vidas. Por
mais que possamos nos culpar por não termos tomado certas atitudes em
momentos que poderia ter sido essencial, nada vai mudar o acontecido.
Devemos apenas aceitar e seguir em frente. Com uma dor no coração e
lembranças que jamais serão esquecidas ou apagadas. A morte faz e vai
continuar fazendo parte de nós. Não importa quantas vezes vamos ter de
enfrentar ela, e sim, quantas vezes vamos superar a perda de alguém. A
parte mais difícil de perder alguém que se ama, é cair a ficha de que
não vai ter como essa pessoa voltar. De vez em quando, vamos acreditar
que isso não aconteceu, que foi apenas um sonho ruim, e que ela vai
aparecer para nós como se nada tivesse acontecido e vamos abraçar ela e
fazer valer a pena. Mas não é assim que acontece, por mais que queremos
isso. Depois que a vida de alguém termina, a única alternativa é aceitar
que a nossa continua. Outro dia pensei, que a gente só perde alguém
especial para nos lembrarmos que existem pessoas incríveis a quem não
damos valor. E que podemos reverter isso enquanto há tempo, antes que
seja tarde demais. Apesar de não compreender a morte, e de ter a certeza
que ela sempre vai existir. Acredito na vida após a morte. Porque podem
levar o corpo de uma pessoa, a alma dela e tirar a chance de ela
continuar. Mas nunca, jamais, tiraram as lembranças e o amor que ela
deixou. Aprendi que as pessoas morrem no mundo lá fora, mas vivem dentro
de nós.”
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